Antigamente estes locais de evacuação ficavam fora das casas por serem locais sujos. Depois foram adicionados aos locais onde se tomam banhos, daí veio o nome “banheiro”, mas infelizmente muita gente ainda acha que estes locais devem permanecer sujos. Não deve ser assim, pois o banheiro é como se fosse o ânus da casa e como tal deve ser limpo com frequência. Uma casa limpa reflete a higiene do ocupante. Se o ânus do local não é limpo não quero nem imaginar como deve ser o do dono de tal orifício.
Acho que uma das coisas mais terríveis que pode acontecer num banheiro é quando, depois de ter feito tudo o que tinha de fazer, constatar que não há papel. É desesperador!
Conheço o caso de um amigo que estava passeando por uma feira livre de rua quando, de repente, sentiu aquele peso interior, como se estivesse a ponto de parir um tijolo baiano pelo reto. Não conseguindo mais se conter teve de apelar para um boteco. Desconheço quanto ao aspecto higiênico do local, pois ele só me disse que não havia papel. Com a pressa que ele estava nem reparou no cheiro quanto menos se tinha ou não papel. No desespero ele procurou por qualquer coisa parecida como jornal, revista, folha de bananeira e afins. Não encontrando nada abriu sua mochila e só achou um caderno com nomes e telefones.
Foi logo na letra Q e arrancou a página já que são raras as pessoas que têm nomes começados com a letra Q, e se alguém tem algum conhecido com um nome assim certamente não precisa anotar seu telefone, pois sabe de cor. Aliás, qual infeliz teria um nome começando com esta letra? Quonceição? Quarlos? Querméssio? Para aqueles que dizem que a página com a letra Q dos cadernos de telefones são inúteis vejam só o que ela pode fazer por vocês. Como só tinha uma página com a letra Q ele foi nas letras K, Y e Z. O problema era grave, pois tais páginas não foram suficientes. Olhou na sua agenda e viu quais amigos ele sabia o telefone de cor. Conseguiu mais umas três páginas, mas não foram o bastante. Então procurou por números que para os quais não ligaria mais, daquelas pessoas que se afastaram, mudaram de endereço e telefone. Conseguiu mais duas páginas, mas não teve jeito, era um daqueles dias em que ele não devia ter saído de casa. Aliás, do banheiro. Um dia de rei!
A próxima onda parecia ser mais devastadora e não tinha mais páginas livres no seu caderno. Felizmente encontrou uma caneta em sua mochila e no desespero começou a copiar os nomes de algumas páginas em espaços vazios de outras e assim conseguiu quase metade de páginas de sua agenda para servir de papel higiênico. Por sorte, depois da última folha sacrificada não veio mais nada. Enfim, estava aliviado. A região já estava deveras assada para usar uma capa dura de caderno.
Um outro problema com alguns banheiros é o espaço. Às vezes o local é impecável no quesito limpeza, mas é minúsculo. Tem uns que você deve escolher entre se sentar no vaso ou fechar a porta, as duas coisas ao mesmo tempo não dá. Na hora de lavar as mãos tem de abaixar a cabeça para não bater no chuveiro.
Outra coisa importante no banheiro é a janela. Mas a janela tem que ser para fora e não para um outro cômodo da casa, senão não adianta nada ter janela, pois assim que cada um fique com sua fragrância. Eu trabalhei num lugar onde os banheiros ao invés de ter uma janela tinham um escape para uma espécie de duto horizontal que percorria os seis andares do prédio por onde o cheiro deveria sair e ser expelido pelo topo. O caso é que aquele metano não subia e se acumulava nos andares mais baixos. Eu que trabalhava no primeiro andar era obrigado a me aliviar no último. Sério mesmo! Tinha dias que não dava nem para abrir a porta do banheiro. E o medo da explosão, então?
O banheiro tem que ser um lugar bem confortável, um local onde você deva se sentir bem e relaxado. Não há necessidade em transformá-lo numa revistaria e café – se bem que tem uns que dá até para jantar de tão grandes e limpos – mas é muito bom realizar nossas necessidades ouvindo uma música relaxante e lendo alguma coisa agradável, não é mesmo?
Até mais...
MM
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