quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Do Museu à Balada - Literatura: O Silmarillion

O Silmarillion - J. R. R. Tolkien, 1977


O universo tolkiano está de volta às telas do cinema. A trilogia "O Senhor dos Anéis" foi sucesso de público e crítica, assim como a primeira sequência de "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada". Em dezembro próximo, será lançada a segunda parte, "O Hobbit - A Desolação de Smaug", aguardada ansiosamente pelos fãs de J. R. R. Tolkien, pelos que gostam de literatura fantástica e, também, pelos amantes de filmes de ação e aventura.

Mergulhar nos livros de Tolkien é uma ida sem volta. Quem lê um dos seus livros, quer novamente ler e reler. A riqueza de detalhes, o ritmo imposto à narrativa e as lendas e universo próprios são de tirar o fôlego. Assim, o título "O Silmarillion" é leitura obrigatória para quem quer entender melhor todo o desenrolar da história, do aparecimento dos hobbits até à formação da Sociedade do Anel.

"O Silmarillion" (original em inglês: "The Silmarillion") é uma coletânea dos escritos de Tolkien, editada e publicada após sua morte por seu filho, Christopher Tolkien, em 1977, em parceria com Guy Gavriel Kay, que se tornou um notável escritor de literatura fantástica. Estes escritos descrevem a Terra Média e seus acontecimentos antes de "O Hobbit", portanto é em "O Silmarillion" que somos apresentados às primícias do que é visto no "O Hobbit" e em "O Senhor dos Anéis".


Os primeiros esboços destes escritos surgiram em 1925, mas os conceitos dos temas e personagens já eram de 1917, quando Tolkien sofreu a "febre das trincheiras" ao retornar da França após a Primeira Guerra Mundial (ele foi um oficial britânico). Tolkien nominou, primeiramente, essa "coleção de histórias" como "The Book of Lost Tales".

Alguns anos depois, já tendo escrito "O Hobbit" e encorajado pelo seu absoluto sucesso, Tolkien enviou uma versão ainda incompleta de "O Silmarillion" para o seu editor George Allen & Unwin, que recusou o trabalho, mesmo não o tendo lido por completo, por achar muito obscuro e muito céltico. Esse editor pediu, então, que Tolkien parasse esse trabalho e fizesse uma continuação para "O Hobbit". Sendo assim, Tolkien começou a trabalhar em um texto chamado "A Long Expected Party", onde o primeiro capítulo foi descrito como uma nova história sobre hobbits. Como resultado deste trabalho, surgiu a sua obra mais famosa e difundida, mas não mais importante: "O Senhor dos Anéis".

Retomando os escritos de "O Silmarillion" em 1950, Tolkien escreveu muito, mas muito do que escrevia acabava se perdendo em assuntos teológicos e filosóficos. Com a narrativa comprometida, Tolkien se viu com sérias dúvidas e viu que os aspectos fundamentais desta obra haviam se perdido. Resolveu, então, voltar às versões mais antigas de suas histórias para que nada se perdesse e, assim, pudesse publicar a versão final.


Infelizmente, isso não aconteceu e, com a morte de Tolkien em 1973, seu filho Christopher Tolkien não quis que a narrativa se perdesse e compilou os escritos, inclusive criando e inserindo histórias em "O Silmarillion" para dar consistência ao livro devido à escassez ou incompreensão de anotações de seu pai (Tolkien escrevia sempre às pressas e à lápis; muitas de suas anotações são ilegíveis). Quando finalmente tudo se ajeitou, o livro foi publicado em 1977.

Contituído de cinco partes, "O Silmarillion" deveria, na verdade, ter estas cinco partes publicadas separadamente. Foi quando Tolkien, já idoso, desejou que fossem publicadas juntas. Atendendo ao pai, Christopher Tolkien as reuniu e inseriu os seus escritos, muitas vezes criando histórias completamente novas para poder preencher as lacunas deixadas por Tolkien nos originais.

A primeira parte é "Ainulindalë (A Música dos Ainur)" e narra a criação de Eä, o "mundo que é". A segunda parte, "Valaquenta (O Relato dos Valar)", descreve os Valar e Maiar, que são os poderes sobrenaturais de Eä. A terceira parte, "Quenta Silmarillion (A História das Silmarils)", é a maior parte do livro e narra as histórias de antes e durante a Primeira Era, como as guerras sobre as Silmarils (que dão o nome ao livro).

A quarta parte, "Akallabêth (A Queda de Númenor)", conta sobre a ilha de Númenor, seu povo e sua decadência, já na Segunda Era. A quinta e última parte, "Dos Anéis de Poder e a Terceira Era", conta como os "Anéis do Poder" são formados e mais fatos que levaram aos acontecidos que são narrados em "O Senhor dos Anéis", com toda a trajetória histórica deste período, que é concluída quando chega ao final da Terceira Era.


O universo de Tolkien é imenso e fascinante, tanto que chegou a influenciar até o mundo da música mais atual. "O Silmarillion" influenciou diretamente a banda alemã Blind Guardian, que se baseou neste livro para escrever o álbum "Nightfall in Middle-Earth". A banda britânica Marillion, descrita pelo amigo MM na semana passada (clique aqui para ver Do Museu à Balada - Música: Marillion), criou o seu nome baseando-se neste livro também. Outra banda muito conhecida, o Led Zeppelin, também possui, nas letras das canções "Ramble On", "Misty Mountain Hop" e "The Battle of Evermore", várias passagens dos livros de Tolkien.

Leitura altamente recomendada!

Abraços,

Lara

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