segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Numa Folha Qualquer - Onde Expor Artesanato?

Oi, pessoas supimpas!

Teve uma época em que eu expunha artesanato na avenida paulista. Havia uma área, na calçada do parque Trianon com várias barracas expondo quadros, bijuterias, coisas feitas com papel machê, papietagem, marchetaria, artesanatos de diversas técnicas. É a famosa e concorrida feira de artesanato do Trianon em frente ao MASP. As vagas para expositores são bem limitadas e há uma fila grande de espera para algum expositor conseguir um espaço lá.


Com o tempo alguns hippies foram chegando e expondo suas artes em tapetes próximos ao local. Como não expunham no espaço da feira não eram incomodados. Com isso a coisa foi crescendo. A feira que ficava somente na calçada do Trianon acabou tomando várias quadras da Avenida Paulista. Começava na Rua Pamplona e terminava próximo à Rua Augusta, nos dois lados da avenida.

Somente os expositores que ficavam na calçada do Parque Trianon tinham credenciais para expor. Os outros estavam em situação irregular. Eu expunha nesta parte dos irregulares.


Foi feito um projeto que tramita na Câmara Municipal de São Paulo sobre criar espaços em praças e ruas para exposição de artesanato, arte e venda de comidas típicas. Não sei em que pé está este projeto.

Enquanto as pessoas expunham somente arte e artesanato a prefeitura permitia. Afinal a Avenida Paulista passou a ser bem movimentada aos domingos por conta desta feira. Passou a ser uma das maiores feiras de artesanato da América Latina. Era gostoso e divertido caminhar pela avenida naqueles dias. Era uma atração a mais aos domingos.


Infelizmente o movimento acabou atraindo alguns camelôs que de artesanato e arte nada tinham a oferecer. Começaram com os vendedores de comida sem a devida regularização, depois vieram vendedores de objetos importados como relógios, eletrônicos. Tinha uma vendedora que parecia ter criado uma loja de roupas em plena calçada. Depois vieram os CDs e DVDs piratas.

O passeio agradável de domingo passou a ser comparado a um tumulto da Rua 25 de Março. Acúmulo de lixos, barulhos, brigas de camelôs para disputar o “ponto”. Me lembro de uma boliviana querendo me expulsar de lá me dizendo “¡Es mi lugar! ¡Es mi lugar!” E eu respondí “¡Su lugar, el carajo! ¡Su lugar está al otro lado de la frontera! ¡Aquí es mi pais!"


Após reclamações dos moradores e a implantação da Lei Cidade Limpa, a feira terminou. E até alguns daqueles que expunham na feira do Trianon tiveram que sair, permanecendo apenas aqueles com registros regularizados.

Sei que muita gente precisa trabalhar, precisa se sustentar, mas houve abuso lá. Aqueles que insistiam eran postos para correr pela guarda municipal tendo o risco de ter suas mercadorias apreendidas caso não obedecessem a ordem para não vendê-las ali. Acho que cada coisa deve ter seu lugar. Infelizmente por causa de tais abusos a maioria pagou por isso.


Eu fui um dos que tiveram que sair de lá. Hoje exponho minhas peças e dou aulas no ateliê Espace Lepage. Não tenho mais vontade de expor nas ruas, mas torço para que tenham mais feiras de arte e artesanto na cidade.

Enfim, resta esperar a boa vontade dos políticos em abrir espaço para estas pessoas divulgarem seus trabalhos mostrando nossa cultura através da arte e artesanato. Claro que deberá ser uma coisa bem planejada com expositores debidamente regularizados que exponham peças realmente artesanais feitas por eles próprios.

Abraços do MM!

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