Dizem que no Japão, a única pessoa que não precisa se curvar perante o imperador (e este, deve se curvar à ela) é o professor. Segundo eles, o professor tem esse respeito por ser o que forma pessoas para todas as outras profissões e atividades.
Não sei como os professores são tratados em outros países, mas aqui, no Brasil, o tratamento que dão a eles é mais que vergonhoso. Ultimamente, estão sendo tratados como bandidos em passeatas, sendo agredidos pelas forças do governo. Aliás, nem só pelo governo, pois vejo comentários em redes sociais de alguns apoiando tais agressões. Bando de imbecis, pois se podem participar em tais redes, muito se dá ao que foram lhes ensinado por professores.
Professor aqui ganha muito mal. Aqueles que apoiam as agressões, dizem que ganham muito bem. Certo, e quanto aos políticos que aumentam seus próprios salários? Ganham bem ou ganham mal? Por que também não são agredidos? Não que acho que devam ser agredidos, mas por que agredir professores que reivindicam melhores condições de trabalho?
Já fui professor de escola particular e realmente não é fácil ser professor. Se achei difícil, fico imaginando como deve ser com os professores da rede pública. É muito bom dar aulas, é prazeroso, mas para quem quer realmente aprender. E também ninguém vive de amor, pois amor não paga nossas contas. Professores devem ser muito bem remunerados sim, pois, hoje em dia, para cada aluno interessado em aprender, há vários outros desinteressados, baderneiros, encrenqueiros e até bandidos. E o que os professores ganham não paga tal dor de cabeça.
Nosso sistema de educação está falido. Criaram leis que protegem demais os menores com seus direitos, mas não cobram seus deveres nem dos pais. Tenho quase certeza que isto é proposital, pois para o governo não interessa pessoas pensantes, cultas e inteligentes. Se continuar do jeito que está, professor vai ser um cargo em extinção. Quem quiser aprender, que aprenda em casa com os pais que queiram realmente que seus filhos tenham algum futuro.
A culpa não é só do governo. Tem muitos pais que não estão nem aí para seus filhos e acham que os professores é que devem dar um jeito na situação. Muitos matriculam seus filhos nas escolas só para ganharem aquelas bolsas de auxílio isso e auxílio aquilo. Não importa se estão estudando, o que importa é comida no prato e dinheiro no bolso. Mas e a educação deles? A vida se encarrega disso! Infelizmente, é assim que pensam.
Uma vez eu estava trabalhando como fiscal nessas provas que avaliam o ensino nas escolas. Estava eu e uma ex-diretora nos corredores da escola à disposição dos professores que estavam aplicando as provas. No intervalo das aulas, em uma das classes saíam correndo alunos uivando e gritando sem motivo algum. Minha colega pensou em intervir, mas se lembrou da ordem de apenas fiscalizar a aplicação das provas. O que os alunos fizerem ou deixarem de fazer é a administração da própria escola que deveria cuidar. Em uma outra sala, alunos empurravam uma porta tentando abrí-la para saírem. Do outro lado, uma servente ou inspetora tentava com toda sua força fechar a porta. Um dos pirralhos grandes disse, ao levar uma bronca por ter saído da sala sem permissão: “Eu conheço meus direitos”! “É mesmo seu fedelho? E suas obrigações? Também conhece?”, pensei!
Achamos aquilo tudo um absurdo. Na minha época, por bem menos do que isso, todos aqueles alunos teriam levado, no mínimo, suspensões. Hoje, não se pode nem olhar torto para essa molecada frágil e sensível que já é passível de punição pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Já apanhei de professor, já fui reprovado mais de uma vez e nem por isso deixei de me formar ou crescer traumatizado.
Ouço amigos professores dizendo que estão pensando seriamente em desistir do cargo. Fico imaginando como vai ser daqui para frente se isso continuar. Pessoas com instrução serão coisa rara. Me sinto privilegiado por ter feito parte dos que tiveram uma educação decente. Por outro lado, fico preocupado e tenho medo dessa geração que vem agora. O que aprenderão? Como tratarão seus semelhantes sem conhecerem o mínimo de dignidade e respeito?
Abraços do MM!
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