quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Do Museu à Balada - O Saci Pererê

Dia de Halloween. Todo mundo fantasiado de caveira, zumbi, monstro, Frankstein e... Cadê alguém vestido de Saci? Ninguém se lembra de se caracterizar assim.

Pois é. O dia 31 de outubro, desde 2005, foi instituído como o Dia do Saci, representante do nosso rico folclore, mas você sabe o que é um saci? Como ele surgiu? Já ouviu algo sobre ele ou já te contaram histórias dele?


Saci Pererê, Saci-cererê, Saci-pererê, Matimpererê ou Martim-pererê é o mais conhecido personagem do nosso folclore, principalmente no interior brazuca, onde ainda se mantém o hábito da tradição oral, quando os mais velhos contam as histórias aos mais jovens. Representado por uma menino negro de uma perna só e de gorro vermelho na cabeça e cachimbo na boca, alguns estados brasileiros têm as suas definições próprias (em Minas Gerais, por exemplo, o Saci tem um bastão, um laço e um cinto, que usa como a vara de condão das fadas, por exemplo), mas, no geral é assim que o conhecemos.

Os sacis, segundo as lendas, vivem 77 anos e nascem nos bambuzais, onde levam 7 anos se formando. Quando "nascem", vivem para fazer travessuras e aprontar com as pessoas. Quando morrem, se transformam em cogumelos venenosos ou nas "orelhas de pau", cogumelos que formam nos troncos das árvore com o formato muito parecido com uma orelha. Vivem nas matas, aparecem e desaparecem como num passe de mágica, adoram assobiar, têm 3 dedos em cada mão e as mãos perfuradas, vivem com o joelho machucado porque aprontam muito, adoram ficar invisíveis para pregar peças nos desavisados, giram em torno de si mesmos para formarem redemoinhos, adoram fazer as pessoas se perderem na mata mas, se estiverem de bom humor, ajudam a encontrar coisas perdidas. Sua maior característica: é extremamente travesso.  Dar nó em crina de cavalo, bagunçar as roupas estendidas no varal, sumir com óculos e ferramentas, coalhar o leite e desandar o doce são suas estripulias prediletas.


O que entristece é que, apesar de todo o encanto que as lendas sobre o Saci têm e da resistência de alguns cantos do nosso Brasil em preservar a cultura oral e os contadores de histórias, infelizmente muito está se perdendo e muitos costumes estão se desvalorizando. No dia de hoje, parece que só nos lembramos do Halloween norte-americano e só pensamos em fantasias de monstros e tipos afins.

Alguns escritores brasileiros têm tentando fazer algo para que o Saci não caia completamente no esquecimento dos brasileiros. Graças à criatividade deles, o Saci está chegando até as grandes metrópoles e ao exterior através de suas obras. Os mais expressivos são Monteiro Lobato, Maurício de Souza e Ziraldo.

O primeiro a escrever sobre o Saci foi Monteiro Lobato. Até hoje, é considerado o escritor que mais difundiu o personagem através das histórias do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Suas obras foram televisionadas nas décadas de 1970 e 1980 e, como essas obras podem ser vistas em todo o mundo pelo grande avanço da internet, o pequeno travesso ganhou o conhecimento do mundo afora.


Maurício de Souza, o criador da Turma da Mônica, incluiu o Saci nas histórias em quadrinho do seu personagem Chico Bento. Já Ziraldo, o criador da fantástica Turma do Pererê, que também alcançou a televisão, acabou imortalizando a figura do pequeno travesso em suas obras.


Não podemos nos esquecer dos "criadores de saci", espalhados em várias cidades do nosso interior, como Botucatu e Piracicaba, ambas no interior de São Paulo. Mas o Saci não é um ser imaginário? É, mas criar sacis significa divulgar as lendas e contar os "causos", para que o nosso folclore e suas ricas histórias não caiam no esquecimento. A Associação Nacional dos Criadores de Saci é sediada em Botucatu, inclusive. 


Para dar mais um impulso, o governo brasileiro instituiu o dia 31 de outubro como o Dia do Saci, tentando reduzir, assim, a importância que se dá às culturas importadas e aumentando a valorização da cultura e do folclore brazucas. Sendo assim, agora que você já sabe, vai continuar a se fantasiar de monstro? 

Eu vou de Saci, pulando num pé só! Hehehehe!

Abraços,

Lara

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