sexta-feira, 7 de junho de 2013

Do Museu à Balada - Música: Brega

Churrasquinho rolando, cerveja gelada, pão francês, vinagrete e... Som!

Nenhuma reuniãozinha que se preze é feita sem um som ambiente, que nem sempre é tão ambiente assim. No aniversário do filho do vizinho, no almoço com churrasco aos domingos, na pizzada em casa de amigos, muitas vezes nos deparamos com um gênero musical que tem nome, mas não definição: o brega.



G1

A origem do termo “brega” é totalmente desconhecida e muito discutida. Aceita-se que já existam precursores dele já nas décadas de 40 e 50, com boleros e sambas-canção com temáticas mais "românticas", onde são citados os cantores Orlando Dias, Carlos Alberto e Evaldo Braga. Na década de 60, com a explosão do rock’n roll e época da ditadura militar, a música que vinha de cantores cultuados pelas classes mais populares passou a ser considerada cafona e deselegante. O cenário musical tinha, então, a MPB , “música popular brasileira”, feita por uma geração de classe média e universitária; o Tropicalismo, oriundo da mistura de correntes artísticas de vanguarda com a cultura pop nacional e internacional; e a Jovem Guarda, que deu uma roupagem brasuca para o rock’n roll estrangeiro, gerando novos padrões de comportamento e moda. Mas e o brega? Onde andaria?

O brega renasceria na década seguinte, com a Jovem Guarda abrindo as suas fileiras, já que alguns artistas, que eram do iê-iê-iê, acabariam se tornando “populares” demais nos anos 60 e sendo taxados de cafonas nos anos 70. Um bom exemplo é o de Reginaldo Rossi, cantor que liderou a banda The Silver Jets nos anos 60 e que se tornou o “rei do brega” nos anos seguintes. Aliás, o termo “cafona” passou a estigmatizar até cantores que tinham vozes poderosas, como Altemar Dutra, só porque cantavam músicas românticas mais populares. Nessa época, o único cantor que conseguiu emplacar música romântica, com sucesso de crítica e público, foi Roberto Carlos.



Revista Veja

Na segunda metade dos anos 70, surge o “novo cafona”, que teve em Sidney Magal e Gretchen os seus maiores representantes. Extremamente influenciada pelo pop dançante e pela discotheque (disco music), lançou modas, gestos e danças muito sensualizadas, chegando ao limite da vulgaridade para muitas pessoas. A partir daí, já nos anos 80, o brega caiu em desgraça, passando a simbolizar uma música de mau gosto, com letras exageradamente dramáticas e ingênuas. A alcunha passou a seguir artistas não só do gênero romântico, como Wando, Gilliard, José Augusto e Fábio Júnior, mas também de outros gêneros musicais, como o samba (no caso de Alcione) e o sertanejo (Chitãozinho e Xororó). Até artistas de renome e pertencentes à MPB, como Gal Costa, sofreram críticas imensas por participarem de músicas consideradas “de baixo valor artístico”, como o dueto dela com Tim Maia em “Um Dia de Domingo”, canção da dupla Michael Sullivan e Paulo Massadas, especialista em canções “bregas”.

Os anos 80 ainda assistiram ao nascimento de outros gêneros musicais considerados “baixos”, como a axé music e o funk carioca. Haviam, também, os cantores “brega propriamente ditos”, como Ovelha, Nahim e Harmony Cats. Com o estilo brega ainda sem nenhuma definição, muitos artistas adquiriram traços deles em suas carreiras, como Eduardo Dusek e a banda Língua de Trapo.



Cultura Mix

Chegam os anos 90 e nada de definições para o brega, que continua confuso e causando confusão. É daí a auto-intitulação de Reginaldo Rossi como “o rei do brega” e o sucesso estrondoso de “Garçom”. Na linha do “brega-escrachado”, surgem Falcão e os Mamonas Assassinas. Na sátira, no pastiche, na música romântica e nos elementos da música caribenha, o brega é aclamado nas regiões Norte e Nordeste do nosso país, embora a indústria fonográfica tente fingir que nada acontece. No Pará, a distribuição é feita por vendedores e ambulantes, constituindo um mercado alternativo e fazendo nascer o “brega-pop”. Ainda que com letras românticas, dá-se maior ênfase aos acordes das guitarras e à erotização de coreografias, em ritmos acelerados. Chega ao sucesso a Banda Calypso. Ainda no Pará, com a fusão da música eletrônica, cria-se o estilo “tecnobrega” e algumas outras ramificações.

Enfim, definir quem pertence ao brega ou não, é tarefa difícil e está longe de se chegar a um consenso. Até hoje, todos os debates feitos entre público, pesquisadores, artistas e críticos não conseguiram definir esta linha. Ou seja: não se sabe ao certo qual é a música que toca, apenas sente-se que ela é brega. E ponto final!



Cultura Mix

Ouça, viaje, dê risada. Afinal de contas, todos já fomos bregas em algum dia de nossas vidas!... Hahahaha...

Salve, Odair José!

Abraços,

Lara

Nenhum comentário:

Postar um comentário