quinta-feira, 20 de junho de 2013

Do Museu à Balada - Filme: O Nome da Rosa

Estamos no ano de 1327, em um remoto mosteiro beneditino no norte da Itália que continha em sua biblioteca, na época, o maior acervo cristão do mundo. Pouquíssimos monges tinham acesso às obras, algumas delas consideradas relíquias e de valor incalculável. E é na biblioteca que estranhas mortes começam a acontecer: sete monges, mortos em sete dias e sete noites, de maneiras insólitas.


O Historiante

Para lá, está se deslocando William de Baskerville (interpretado por Sean Connery), um monge franciscano, e Adso von Melk (Christian Slater), o noviço que o acompanha, para participar de um conclave que decidirá se a Igreja doará ou não parte de suas riquezas, mas a atenção de Baskerville é desviada pelos assassinatos que estão acontecem no mosteiro. Bastante intrigado, ele começa a investigar as mortes, que os monges acreditam serem obras do Demônio. Como ele não partilha da mesma opinião, com a ajuda de Adso ele começa a obter respostas mas não consegue concluir suas investigações, pois chega ao mosteiro Bernardo Gui (F. Murray Abraham), o Grão-Inquisidor, que está decidido a encontrar, a qualquer custo, algum suspeito de heresia que tenha cometido esses assassinatos em nome do Diabo. Como Bernardo não gosta dele (Baskerville é ex-inquisidor), ele vê o seu nome ser incluído no topo da lista dos suspeitos “diabolicamente” influenciados. Inicia-se, então, uma guerra ideológica entre franciscanos e dominicanos, travada enquanto o motivo dos assassinatos é lentamente descoberto e solucionado.



Euniverso

O filme “O Nome da Rosa” é baseado em uma adaptação do livro homônimo de Umberto Eco, sua estreia literária feita em 1980. Com linguagem em terceira pessoa, a narrativa do filme é feita pelo noviço Adso, já mais velho, onde ele conta uma “aventura” vivida por ele e por Baskerville, a quem ele considerava como mestre. Baskerville, renascentista e pensador, torna-se o investigador das mortes ocorridas no mosteiro, onde os corpos eram encontrados com a língua e os dedos roxos, procurando respostas racionais para essas mortes. O ponto onde tudo começava: a biblioteca. Depois de muito investigar, Baskerville e Adso descobrem o labirinto da biblioteca, onde encontram uma verdade inquestionável: todos os livros proibidos estão ali e, para que a Igreja não perdesse o controle sobre tudo, o acesso era extremamente restrito para que o saber pagão não ameaçasse a doutrina católica. Dentre os livros, o mais perigoso: o segundo livro da Poética de Aristóteles, filósofo considerado inimigo da fé católica. Assim diz Jorge de Burgos, o velho bibliotecário, acerca do texto de Aristóteles: “a comédia pode fazer com que as pessoas percam o temor a Deus e, portanto, faz desmoronar todo esse mundo” (uma das regras deste mosteiro é que não se podia rir, já que "um monge não pode rir, o riso é para os tolos").

Para punir os curiosos, um dos monges envenena justamente as páginas desse livro de Aristóteles, considerado altamente perigoso e herético. Todos aqueles que molhassem os dedos na língua para folheá-lo, morreriam envenenados como pagamento pela sua curiosidade e busca pelo prazer do conhecimento. É daí que vem o elo entre as mortes: dedos e língua arroxeados.



Filmologia

Considerado como um suspense policial, com trama idêntica às muitas obras anteriormente publicadas, o filme é voltado para a decifração de um enigma como em toda boa história de detetives. Com certeza, Umberto Eco deu ao personagem Wiilian de Baskerville a maior referência possível, em uma clara alusão à obra de Sir Arthur Conan Doyle: “O Cão dos Baskervilles”. Muito se assemelha aos clássicos Sherlock Holmes e Dr. Watson: o método de investigação e a forte dedução lógica. Apesar disso, há a absorção de elementos da filosofia, da política, dos dogmas católicos, da religião em si e de um aspecto inimaginável quando se trata de religião e votos de castidade: o conflito vivido por Adso, ao se apaixonar pela moça acusada de ser o instrumento do Diabo, o fará questionar sua vocação religiosa.

Destaque para uma das melhores atuações de Ron Perlman, como o monge Salvatore. Embora o peso deste personagem, no livro, seja apenas a de ser mais um dos suspeitos, foi a atuação de Perlman que o moldou totalmente, embora tenha sido feito um rico trabalho de maquiagem. A corcunda e o rosto deformado contribuíram, mas sem a loucura e os trejeitos dados por Perlman, talvez Salvatore passasse despercebido por nós.



Adoro Cinema

Romance, policial, histórico, filosófico, suspense. Vários gêneros em um mesmo filme que, mesmo assistindo várias e várias vezes, ainda se consegue perceber um detalhe que escapa. Imperdível, em minha opinião.

Informações Técnicas

- Título no Brasil: O Nome da Rosa
- Título original: Der Name Der Rose
- Países de origem: França / Itália / Alemanha
- Gênero: suspense
- lançamento: 1986
- Direção: Jean-Jacques Annaud

Assistam sempre!

Abraços,

Lara

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