sexta-feira, 21 de junho de 2013

Do Museu à Balada - Música: Vinil


Os anos 80 foram marcantes e decisivos para muitas coisas, inclusive para a grande inovação tecnológica que temos hoje em dia. As primeiras interfaces gráficas (XFree86, Windows e MacOS), o compact disc (CD), o walkman, o videocassete, são todos oriundos desta década tão prolífera em boas ideias. Como já vimos em outros textos aqui na Caminhando e Cantando (principalmente, o Synthpop), musicalmente falando, esta década também foi decisiva para uma o surgimento de gêneros musicais, estilos e influências futuras. Pelo conjunto, muito se fala e se falará nos anos 80.



Hoje, nos anos 2010, está se resgatando algo que, após o surgimento do CD, caiu em desuso: o LP, ou long play, também chamado de vinil ou, carinhosamente, de “bolacha” ou "disco". O mercado de vendas e trocas de vinil em São Paulo está extremamente aquecido e muitos têm se voltado à procurá-lo. Por que será, já que a tecnologia do CD é muito mais recente? Vamos tentar entender isso...

O  vinil é um tipo de mídia que foi desenvolvida no final dos anos 40 para reprodução de músicas. É feito de um plástico chamado “vinil1” (derivado do PVC), onde se conseguem registrar informações de áudio em microssulcos ou ranhuras de forma espiralada, interpretadas pela agulha de um aparelho chamado toca-discos. Por se tratar de uma gravação mecânica e analógica, esses sulcos (que são microscópicos), ao serem lidos pela agulha, a fazem vibrar. Essa vibração é transformada em sinal elétrico amplificado e transformado, por sua vez, em som audível: música.



Como o vinil1 é muito delicado, arranhões e poeira são os seus piores inimigos. O arranhão, por comprometer a leitura dos microssulcos de maneira irreparável, causando falha na audição das músicas; e a poeira, por se tornar abrasiva e, assim, danificar tanto o disco como a agulha do toca-discos. Portanto, os LPs precisavam sempre estar livres de poeira, guardados em seus envelopes de proteção, as “capas”, e na posição vertical.


Pois então, se o vinil é tão sensível, tão antigo, tão analógico, tão delicado, tão trambolho (por causa do tamanho), tão “tantas coisas”, por que está voltando? Por um motivo muito simples: superioridade na qualidade do som, por mais difícil que isso possa parecer.  As gravações digitais “cortam” frequências sonoras mais altas e baixas, causando eliminação de harmônicos, ecos, espacialidade e batidas graves do som, ou seja, tiram a naturalidade do som. Ao ouvir um LP, ouve-se o chiado (grande problema dos vinis), mas consegue-se sentir muito mais a naturalidade dos sons gravados.

A mídia digital eliminou o ruído e foi de grande valia para a fidelidade das gravações. Os sucessores do CD, o DVD-Audio e o SACD, são superiores em qualidade mas tiveram pouca aceitabilidade no mercado devido ao mp3, formato digital independente de mídia e extremamente difundido nos dias de hoje. Mas o mp3 tem um defeito: devido à compactação de dados, perde-se imensamente em qualidade de som.



Para defender ainda a volta dos LPs, os mais entusiastas referem-se aos aspectos expositivo (vinis ocupam mais espaço nas lojas, portanto são mais vistos), à arte em si (várias capas são verdadeiras obras de arte) e ritualístico (só quem já teve o prazer de pegar um LP, desembalá-lo, colocá-lo no toca-discos e ficar ouvindo o som e curtindo a capa, sabe do que estou falando). 

Mais um motivo para defender o vinil? Duração. Ao longo dos anos, a mídia digital se apaga, coisa que não acontece com o LP.


 Por tudo isso, até hoje se fabrica e se comercializa LPs em escalas até consideráveis, seja para comprar, trocar ou colecionar vinis novos e usados. Não se trata de um retrocesso por se preferir uma antiguidade e sim, por se procurar qualidade e fidelização dos sons que se quer ouvir.

Apenas uma curiosidade: a Polysom é a única fábrica de vinis de toda a América Latina. Ficou pronta, após meses de restaurações e reformas, no final de 2009. Mantém-se como única fabricante até hoje, com capacidade para produzir 28 mil LPs e 14 mil compactos por mês.

Saudades dos meus discos..

Abraços,

Lara

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