quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Do Museu à Balada - Literatura: O Papa Negro

O Papa Negro - Ernesto Mezzabotta

Muito se fala, muito se discute, muito se especula sobre... Maçonaria.

A sociedade secreta mais famosa, mais popular e mais intrigante de todos os tempos está novamente despertando a curiosidade mundial, ainda mais após um Cavaleiro da Ordem de Malta ter sido nomeado presidente do Banco do Vaticano e provocar, com suas ações, verdadeiras revoluções nas contas do Santo Ofício.


Como dizem alguns amigos maçons, tudo o que se pode saber sobre a Maçonaria está escrito e acessível para quem quiser. Fatos históricos como a Independência dos EUA e do Brasil, a Nova Ordem Mundial, são relacionados à Maçonaria, mas... Como ela surgiu?

Na verdade, nem os próprios maçons sabem ao certo como tudo começou. Ela se perdeu entre lendas, verdades pessoais, imaginação popular e sonhos dos próprios maçons. Baseando-se nessas várias histórias, muitos autores escreveram sobre a Maçonaria. Mozart, por exemplo, compôs "A Flauta Mágica", uma ópera maçônica e, mais recentemente, temos Dan Brown com o seu "Código Da Vinci" e "O Símbolo Perdido", mas nenhuma obra causou tanto alvoroço, curiosidade e censura como "O Papa Negro", do escritor italiano Ernesto Mezzabotta.

Esta obra é até denominada por leigos como "livro maçônico" e recomendada para, quem quiser começar a entender a Maçonaria, como o primeiro passo a ser dado neste universo. Eles apenas se esqueceram que a obra é uma ficção baseada nos fatos obscuros acontecidos nos bastidores de Roma, presenciados pelo então jornalista Mezzabotta.

O intuito do escritor era, através da sua visão romanceada sobre o início da Maçonaria, criar um romance de ficção para atacar claramente a Igreja Católica, em retaliação à censura feita pela mesma aos seus trabalhos como jornalista. Pelo visto, deu muito certo e dá certo até hoje, pois o livro só é encontrado (e raramente) em sebos ou lojas de artigos maçônicos e consta no Codex, a lista de livros proibidos pela Igreja Católica.


A censura é tão grande que, para escrever essa resenha, eu demorei mais de duas horas para achar alguma referência, por mínima que fosse, sobre o escritor Ernesto Mezzabotta. Isso porque ele já morreu há mais de cem anos... Será que esse romance é totalmente ficção ou tem algo em suas entrelinhas que pode abalar os pilares de uma instituição tão secular, tão forte e tão aparentemente sólida e inabalável?

Em português, não há nada. Em inglês, pouquíssimas referências. Em italiano, só encontrei duas referências que tratam do Mezzabotta jornalista e nem citam, em sua lista de publicações, este livro. Mistério total... Em uma dessas referências, descobri que Ernesto Mezzabotta nasceu em Foligno, no ano de 1852 e que morreu em Roma, em 15 de julho de 1901. Que se casou, teve dois filhos e que era um jornalista excelente, turrão, persistente e com opiniões afiadas. Talvez, por isso, se tornou "persona non grata"...

O livro é ambientado na Europa do século XVI, quando o mundo era dominado pela divisão do poder entre o Estado e a Igreja Católica: enquanto a Igreja detinha o poder atemporal, o Estado ficava com o mando sobre pessoas e coisas na Terra.
Aparecem as lendárias e reais figuras dos gnósticos ou cavaleiros templários, considerados os futuros maçons, que  foram adicionando em suas oficinas, ao longo dos anos anteriores, homens como marceneiros, alfaiates, construtores, carpinteiros e pedreiros. O Papa reinante era Clemente III e o Rei era Felipe o Belo, da França.


Os templários foram os inventores do cheque, da nota promissória e dos documentos destinados a proteger o patrimônio daqueles que se arriscavam a viajar pela Europa. Os assaltos eram constantes e as estradas, recheadas de saqueadores, isso sem contar que a viagem para a retomada da Terra Santa era muito longa. Sendo assim, os templários detinham o poder do dinheiro e tinham a força da irmandade a seu favor, além de serem os guardiões de todo o conhecimento gnóstico da época, difundido somente entre os seus iniciados. Os que mais se destacavam eram Jean Jacques Demolay e Inácio de Loyola que, tomado pela ganância, trai os seus irmãos templários e alia-se ao Papa e ao Rei, pessoas extremamente interessadas em se apossar do tesouro escondido pelos templários.

Após a traição de Loyola, Jacques Demolay acolhe filhos e sobrinhos dos templários, oferecendo resistência à Loyola e ensinando aos acolhidos, o conhecimento hermético necessário para a preservação da ordem. Enquanto isso, Inácio de Loyola exige da Igreja, por sua ajuda, a criação e o comando de uma ordem: a Ordem dos Jesuítas, que trocavam informações de peso por indulgências, conseguindo, assim, criar uma grandiosa rede de informantes e angariando, cada vez mais, poder e riqueza para esta ordem. A Ordem dos Jesuítas  criou a confissão (prática usada até nos dias de hoje), sabia e mandava tanto, que até o próprio Papa começou a receber ordens de Loyola, o Geral da Ordem, mais conhecido como o Papa Negro.


Intrigas, mentiras, assassinatos, uso de veneno, chantagens e até o envolvimento com uma família rica e reconhecidamente ligada à morte por envenenamento, os Bórgias, você encontrará neste livro, que foi muito bem escrito e é daqueles que você não quer parar de ler. O autor costurou tão bem a trama deste romance que a gente não consegue deixar de ler.

No meu caso, eu tive o privilégio de poder lê-lo e digo com propriedade: é imperdível! Tirando todo o peso das lendas e das censuras aplicadas ao "O Papa Negro", o livro é realmente empolgante e muito bom! Eu recomendo!

São fatos reais:
- Jean Jacques Demolay foi o último grão-mestre da Ordem dos Templários e condenado à morte pelo Papa Clemente V. Era padrinho do filho do rei Felipe o Belo. É dele a famosa praga da "sexta-feira 13": ele foi morto em uma sexta-feira, dia 13 de outubro e, enquanto o seu corpo queimava, ele praguejou para o Papa e para o Rei, que morreram em um prazo de um ano após, em circunstâncias muito curiosas...
- o poder do Papa Negro imperava por toda a Europa Medieval; ele impôs, inclusive, esse poder até no Novo Mundo, a América, infundindo terror e dando início à prelazia papal que seria conhecida, anos mais tarde, como Opus Dei...

No mais, só sei que nada sei, mas sei de apenas duas coisas: o livro instiga a nossa curiosidade e há mais verdades entre o céu e a Terra do que supõe a nossa vã filosofia!

Abraços,

Lara

2 comentários:

  1. Olá, Reinaldo! Obrigado por comentar e pelo seu elogio!
    Temos outros textos relacionados à Maçonaria, se quiser conferir.
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    Abraços!

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