Os cães podem se tornar guia para os cegos, podem ajudar a polícia a encontrar drogas (farejadores), auxiliam nos resgates em desastres como desabamentos e terremotos, em terapias com portadores de necessidades especiais, nos hospitais, entre muitas outras funções. Inclusive, está em andamento aqui no Brasil o Projeto Segunda Chance, que treina cães abandonados para auxiliar em tarefas domésticas como avisar que o telefone está tocando para o dono que é deficiente auditivo.
O cão guia é um animal fora do comum! Tem temperamento muito dócil, é extremamente paciente e determinado. Não se distrai com facilidade, ama profundamente o seu dono e adora o que faz. É treinado para acompanhar o deficiente visual 24 horas por dia, não se cansando jamais. As raças mais propícias para o treinamento são retriever do labrador, golden retriever, collie (pêlo longo ou curto), boxer, bouvier des flandres e pastor alemão, devido ao porte e temperamento adequados, entretanto o que realmente importa é o cão, independentemente de raças. Muitas vezes, um cão de porte grande e sem raça definida reúne todas as características procuradas e pode ser treinado com grande sucesso.
Se o deficiente visual não se adaptar ao uso de bengala, o cão guia é a pedida certa e apresenta inúmeras vantagens, entre elas a percepção facilitada, pelo cão, de obstáculos acima da cintura e do trânsito na travessia de ruas movimentadas, além da influência psicológica super positiva que o cão pode ter sobre o seu dono, já que ele se torna um estímulo à vida, inspira confiança em seu dono e integra-o novamente à sociedade. No Brasil, algumas coisas ainda precisam ser mudadas em relação à utilização dos cães guias: permissão para acesso em lugares públicos e meios de transporte e redução no alto custo na aquisição, treinamento e manutenção dos mesmos. Seria ótimo se mais pessoas cegas tivessem acesso a eles!
Já os cães de resgate são auxiliares na localização de crianças perdidas, cadáveres, vítimas de afogamentos ou desastres e na investigação de suspeitos de crimes ou fugitivos da polícia. É pelo olfato apuradíssimo que eles conseguem achar as pessoas, já que todos nós temos cheiros diferentes (mesmo os gêmeos idênticos, para os cães, cheiram diferente). O treinamento inclui estimular o cão a entender que ele precisa encontrar determinado odor, sendo recompensado por isto. Para ser um cão de resgate, o cão é avaliado quanto à obediência, sociabilidade, agressividade, medo de ruídos e como reage em situações estressantes. Ele começa a receber o treinamento desde filhote e estará apto para o trabalho após 2 anos de treinamento, em média.
A vida de um cão de resgate não é mole, não! Ele trabalhará em ambientes estressantes como avalanches, terremotos e escombros, terá que usar muito o seu faro, voará em helicópteros e navegará em barcos, muitas vezes preso horas dentro de uma caixa de transporte. Realmente, é um trabalho digno de louvor! No Brasil, este trabalho é desenvolvido apenas nos estados de São Paulo, Distrito Federal, Santa Catarina e Rio de Janeiro e a maioria dos animais é treinada em corporações militares, como Exército, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, com papel fundamental na localização de pessoas perdidas em florestas, desabamentos e soterramentos. Recentemente, o estado de Pernambuco ganhou o seu primeiro cão de resgate.
A ong Cães de Resgate, através do adestrador Marcelo Coruso, treina animais para esse trabalho desde 1995. Apesar do trabalho tão reconhecidamente importante que é feito por esses cães, esta ong necessita de patrocínio para manter os animais e deslocá-los para áreas onde são solicitados. Como todo o trabalho é voluntário, por falta de recursos muitas vezes não é possível transportar os cães e vidas podem deixar de ser salvas. Coruso ministra, em parceria com a 1a. União de Montanhistas - RADA/RAR, cursos de salvamento e resgate com cães, com o objetivo de formar treinadores, militares ou voluntários, e seus cães.
Portanto, hoje falamos apenas de dois exemplos de trabalhos que os cães podem desenvolver com maestria junto aos humanos. Fica a dica para o poder público olhar com mais carinho e atenção e desenvolver políticas públicas para auxiliar no treinamento e desenvolvimento de treinadores e criação de mais locais. O que temos hoje é MUITO pouco em vista do que já deveria ter sido feito.
Maiores informações:
- sobre os cães guias: acesse site Cão Guia Brasil
- sobre os cães de resgate: acesse Facebook Ong Cães de Resgate ou a 1a. União de Montanhistas - RADA/RAR, nos telefones (21) 2683-4008/ 2683-0127.
Abraços,
Lara
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