quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Do Museu à Balada - Museu Mariano Procópio

Recentemente, revendo as fotos da época em que morei em Minas Gerais, bateu aquela saudade gostosa. Dos amigos que deixei lá, dos pacientes que se tornaram amigos, dos lugares que conheci. Morei em Juiz de Fora por quase cinco anos e meio e aproveitei muito para viajar e passear pela cidade e pelas cidades mais próximas, como Tiradentes, Barbacena e São João Del Rey. As igrejas, os cemitérios, os museus, a arte sacra, os casarios... Terei muitas coisas para contar a respeito disso ainda.


Um dos lugares onde eu mais gostava de ir, em Juiz de Fora, era o Museu Mariano Procópio. Não importava quantas vezes eu visitasse, sempre encontrava algo novo. Adorava o lugar e toda a área onde o museu está instalado. Foram passeios agradáveis e enriquecedores.

O Museu Mariano Procópio é o primeiro museu das Minas Gerais. Foi fundado por Alfredo Ferreira Lage, que colecionou peças e formou importantes acervos
artísticos, históricos e de ciências naturais durante toda a sua vida, e abriga um dos principais acervos deste país, com aproximadamente 50 mil peças. Foi
aberto ao público oficialmente em 13 de maio de 1922. Compõe-se de um conjunto arquitetônico compreendido por dois edifícios: a Villa Ferreira Lage,
construída entre 1856 e 1861; e o Prédio Mariano Procópio, inaugurado em 1922. Além dos edifícios, o museu conta com uma extensa área verde, constituindo um acervo natural importantíssimo com belos jardins, lago e a nossa exótica flora, o Parque Mariano Procópio.

Símbolo da memória histórica do Brasil, de Minas Gerais e de Juiz de Fora, este museu é, principalmente, um marco do pioneirismo da cidade e da obstinação de Alfredo Ferreira Lage, juiz-forano e filho de Mariano Procópio Ferreira Lage, que foi o construtor da primeira estrada de rodagem macadamizada (proveniente de macadame, tipo de pavimentação com pedras),  no Brasil, a “União e Indústria”, no período de 1856 a 1861, ligando Juiz de Fora a Petrópolis.


A história conta que, em 1915, Alfredo transformou em museu particular, a Villa Ferreira Lage, edificada por Mariano Procópio durante a construção da estrada (entre 1856 a1861). Como comemoração do centenário de nascimento de seu pai, Alfredo inaugurou na Villa (que havia sido projetada e construída no estilo renascentista pelo arquiteto alemão Carlos Augusto Gambs), o Parque Mariano
Procópio, composto pela Villa e por uma área verde de 78 mil m². Como Alfredo ainda continuava a ampliar os seus acervos, ele construiu um prédio anexo à Villa, que ganhou o nome de Prédio Mariano Procópio. Em 13 de maio de 1922, ele abriu ao público oficialmente as portas do Museu Mariano
Procópio, constituído pelos dois prédios e mais o parque. Preocupado com a manutenção do espírito histórico, ele efetivou, em 29 de fevereiro de 1936, a
doação de todo o conjunto ao município de Juiz de Fora.

A história deste museu está intimamente ligada à construção da estrada União e Indústria. Mariano Procópio, que era o engenheiro responsável por esta nova rota, mandou construir a Villa Ferreira Lage para abrigar a família real e Dom Pedro II, que iria inaugurá-la. Para isto, Mariano escolheu um terreno localizado bem no coração da nova localidade que fizera surgir em razão da estrada, mas, como a construção não ficou pronta a tempo, ele hospedou a família imperial em sua própria residência. Somente em sua segunda visita à cidade, em 1869, é que
Dom Pedro II pôde conhecer a Villa.

Com a morte de Mariano Procópio, em 14 de fevereiro de 1872, o terreno foi herdado por seus dois filhos, Frederico e Alfredo Ferreira Lage. Frederico construiu em sua parte herdada, um imenso palacete com materiais totalmente europeus; infelizmente, ele morreu repentinamente aos 39 anos, afundado em dívidas provenientes da construção do palacete, que foi comprado pela Estrada de Ferro Central do Brasil e, posteriormente, transferido para o Ministério da Guerra, que instalou no local a sede da Quarta Região Militar. A Villa e a parte superior do terreno foram a herança de Alfredo, que as transformou em abrigos para as coleções de obras de arte e peças diversas que vinha formando. Graças à aquisição de peças em leilões brasileiros e no exterior, além de doações de pessoas importantes da nossa história como Duque de Caxias, Afonso Arinos e dona Amélia Machado Cavalcanti de Albuquerque - esposa do Visconde de Cavalcanti, Alfredo precisou ampliar o castelo original, iniciando a construção do edifício que se tornaria o Prédio Mariano Procópio.


O acervo do Museu Mariano Procópio tem, aproximadamente, 50 mil objetos de grande valor artístico, histórico e cultural. Pinturas, esculturas, gravuras, desenhos, livros raros, documentos, fotografias, mobiliário, prataria, armaria, numismática, cartofilia, indumentária, porcelanas, cristais e peças de História Natural constituem o acervo. Os trajes da coroação, da maioridade e do
casamento de D. Pedro II e o traje de corte da Princesa Isabel são as peças mais significativas e visitadas. O acervo mobiliário, então, é um dos mais importantes do país, com peças compreendidas entre os séculos XVI e XIX, estas em grande parte adquiridas do Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro.

Há diversas salas com temas específicos, mas a Sala Tiradentes é uma das que eu mais gostava de visitar. Ver exposto o quadro de Pedro Américo, "Tiradentes
Supliciado", de pertinho e ao vivo e em cores, é de arrepiar. É claro que eu tenho que puxar o assunto para o meu lado dentista: em uma das vitrines, vê-se uma chave de Grangeot, que era usada para extrair dentes molares.


A Sala Família Ferreira Lage também me chamava muito a atenção e eu curtia ver e rever os objetos pertencentes à família, como os quadros onde estão
retratadas dona Maria José Ferreira Lage - Baronesa de Sant'Ana, dona Maria Amália e Elisa, que eram a mãe, a esposa e a filha (que morreu ainda na infância) de Mariano Procópio, respectivamente, e os bustos em bronze de Mariano Procópio e Alfredo Ferreira Lage.

Além do aspecto histórico, o Museu ainda possui a área verde, o Parque Mariano Procópio, com sua flora centenária, o lago e a área de recreação. Muitas
espécies vegetais brasileiras ameaçadas de extinção, como o Pinheiro do Paraná, encontram-se protegidas lá. Além da belíssima flora, a fauna é ricamente variada e composta por pássaros, macacos e preguiças. É muito gostoso andar pelo parque e se deliciar com a tranquilidade que o lugar oferece.


Em resumo: para quem curte conhecer um pouco mais da História Brasileira e do mundo, é um passeio imperdível! Infelizmente, os prédios encontram-se
fechados para visitação nos dias atuais devido às reformas em andamento. De qualquer forma, visitar o Parque já é um excelente passeio e sempre há eventos promovidos pelo museu para a população.

Maiores informações com a Fundação Museu Mariano Procópio - MAPRO: Link MAPRO

Saudades de JF...

Abraços,

Lara

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