terça-feira, 30 de julho de 2013

Recriarte - Filtro dos Sonhos

Olá, pessoas supimpas!

Um dos estilos artesanais de que mais gosto é o indígena. E de qualquer parte do mundo, não sendo somente do Brasil. Machados, flautas, potes, cestos, redes, são inúmeros os utensílios criados pelos indígenas com sua arte.



A peça que mais me chama a atenção é o filtro dos sonhos. A peça consiste num círculo que, dentro do qual, existe uma rede. Muitos deles com uma semente no centro. Pendurados a este círculo, estão algumas penas e tiras de couro. A forma e materiais variam de uma cultura para outra, mas basicamente todos têm o círculo com a rede e as penas.

O filtro dos sonhos não tem uma utilidade doméstica nem de caça. É um amuleto, um objeto místico e simbólico criado para afastar sonhos ruins. Sua origem é atribuída aos xamãs da tribo norte-americana ojibwa ou chippewa que viviam na região dos Grandes Lagos. A partir desta tribo, este amuleto se espalhou para as outras chegando a ser confeccionado até por tribos de outros países como na América do Sul. Este objeto serviu para os índios também como presente de confraternização entre tribos.

Originalmente, o filtro dos sonhos é formado com ramos de salgueiro revestidos com tiras de couro. As penas são de coruja, quando feito para mulheres, e de águia, quando feito para homens, sendo a coruja a representação da sabedoria e a águia, a representação da coragem.


Existem muitas lendas a respeito de sua origem. Uma delas conta que uma aranha fiava sua teia próximo de onde dormia uma anciã, que observava todos os dias a aranha fazendo seu trabalho. Certa vez, o neto viu a aranha e quis matá-la, mas a anciã impediu o neto de fazer tal coisa. A aranha, sentindo-se grata por sua vida ter sido salva, ofereceu um presente à anciã. Na lua nova seguinte, a aranha começou a fiar uma teia para a anciã pedindo para que observasse cada trama feita, dizendo que a teia serviria para capturar todos os sonhos e energias ruins. No centro havia um pequeno furo por onde passariam os sonhos bons. Ao fim do trabalho, a anciã adormeceu. Quando acordou com os primeiros raios de sol, o vento trouxe algumas penas que ficaram presas à teia. A partir deste dia, a anciã passou a ensinar o povo da tribo a confeccionar seus filtros de sonhos.

Segundo as tradições, o filtro dos sonhos deve ser pendurado sobre a cama e próximo à cabeça de quem dorme. Durante os primeiros vinte e um dias, o amuleto prende as energias ruins na teia. Na manhã seguinte ao último dia o sol se encarrega de queimar estas energias. A partir de então, o amuleto serve como proteção filtrando os sonhos ruins. Quando a teia se rompe, é sinal de que o amuleto já serviu ao seu propósito, devendo ser queimado e substituído por um outro.

O filtro dos sonhos não tem o objetivo de  nos livrar dos pesadelos, já que muitos deles estão dentro de nós e são reflexos de nossos medos e desejos, os quais devem ser dominados e controlados por nós mesmos.

“Ó Grande Espírito, cuja voz ouço nos ventos, cujo sopro anima o mundo, ouça-me.
Sou pequeno e fraco, preciso de sua força e sabedoria.
Permita que eu caminhe na Beleza, e faça que meus olhos contemplem para sempre o vermelho e a púrpura do sol poente.
Faça com que minhas mãos respeitem todas as coisas que o Senhor criou.
Faça meus ouvidos aguçados para que eu ouça a sua voz.
Faça-me sábio para que eu possa entender tudo aquilo que o Senhor ensinou ao seu povo.
Permita que eu aprenda os ensinamentos que o Senhor escondeu em cada folha, em cada pedra.
Busco força, não para ser maior do que meu amigo, mas para lutar contra meu maior inimigo – eu mesmo.
Permita que eu esteja sempre pronto para ir até o Senhor de mãos limpas e olhar firme.
Assim, quando a minha vida estiver no acaso, como o sol poente, que meu Espírito possa ir à sua presença, sem nenhuma vergonha.”


Saudação xamã.

Abraços do MM e bons sonhos!

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