sábado, 6 de julho de 2013

Especiais - Voluntariado

Voluntariado. Alguns me perguntam por quê eu “perco” o meu tempo ajudando causas perdidas, como a dos cães e gatos abandonados. Ser voluntário é, antes de tudo, querer e se sentir solidário com a dor do outro, tentando ajudar para minorar essa dor ao máximo. Se as pessoas não enxergam, não sentem ou não querem ajudar, jamais saberão o que é ser voluntário de corpo e alma.

Ainda bem que eu, Larissa, não sou “louca” sozinha! Hehehe... Para ilustrar o assunto, eu convidei a Dra Adriana Palma, médica veterinária, pós-graduada em clínica de pequenos animais, voluntária do projeto SOS 4 Patas Penha, para relatar um pouco da sua experiência no voluntariado.


1) O que a levou a ser  voluntária?
Sou apaixonada pela minha profissão. Desde os 5 anos, foi  a minha meta a ser alcançada e hoje posso exercer o que gosto. Acredito que, se Deus permitiu que eu pudesse ajudar os animais e ao mesmo tempo ter isso como minha profissão, eu tinha mais que o dever de ajudar um pouco os cães e gatos que não têm a oportunidade de ter um dono e principalmente um lar. Outro ponto fundamental foi perceber que muitos dos meus amigos iriam me apoiar para realizar esse trabalho, afinal, as pessoas podem ajudar de diferentes formas e acaba não sendo apenas um trabalho voluntário, mas um grupo de pessoas queridas que busca aliviar um pouco o sofrimento dos animais. Percebi também que muita gente que gosta de animais quer ajudar mas faltava apenas o conhecimento na área, então vi que eu poderia dividir conceitos básicos para auxiliar os animais. E convenhamos: não tem gratificação maior do que ver um cachorrinho abanando o rabinho! Um dos cães do sítio (coloquei seu nome de Xodó) é a minha força para seguir sendo voluntária, pois a primeira vez que o vi era um cão arredio, rosnava e nem chegava perto de mim. Neste dia, sentei de costas para ele e quase chorando comecei a jogar petiscos; ele foi se aproximando aos poucos e me deu uma lambida. Neste dia vi que não poderia deixar esses cães lá sem o mínimo necessário para sobreviverem.


2) Como surgiu o projeto 4 patas e como teve inicio o trabalho no sitio ? 
O Projeto 4 Patas Penha iniciou-se em 2007 com um pequeno grupo de voluntários que tentava ajudar animais abandonados e que eram alvos de maus tratos na região da Penha. Esse grupo foi se afastando mas outras pessoas foram se aproximando, tendo como elo forte 4 mulheres que se desdobravam em mil para ajudar o máximo possível.  Eu e um amigo também veterinário, o Fernando Calvo, sempre que possível frequentávamos os eventos que esse grupo fazia e tentávamos ajudar no que podíamos. Desde o começo do projeto, esse grupo ajudava o Sr. Batista (responsável pelo sítio de Suzano) com um valor mensal, mas não visitavam o lugar e nem sabiam das exatas condições em que os animais se encontravam. Em maio de 2012, em um desses eventos o Sr. Batista pediu a ajuda do Dr. Fernando, pois os animais estavam doentes (nesta ocasião, ele havia tido uma fratura de fêmur e, em seguida, contraído leptospirose). O Fernando aceitou na hora, mas pediu que eu fosse com ele e é claro que aceitei. Faltava apenas encontrar mais pessoas boas que pudessem ajudar a gente e, enfim, iniciar o trabalho. 


3) Como você se tornou voluntária do projeto?
Meu primeiro dia de voluntária foi em 27/05/2012, sem dúvida alguma o dia mais feliz e triste da minha vida. Um dia que talvez fique para sempre na minha memória e, mais do que isso, no meu coração. Conseguimos juntar alguns amigos e novas pessoas que queriam ajudar. Ao chegar no sítio o cenário era péssimo: os cães estavam muito magros, com sarna, alguns feridos, a sujeira era muito grande, mas enfrentamos de cabeça erguida. Os cães estavam assustados e tinham medo de pessoas, mas mesmo assim medicamos todos eles e limpamos o máximo que foi possível. Mesmo com todo o esforço, voltamos todos para  casa com um ar de tristeza pois, por mais que tivéssemos nos preparado para enfrentar o desafio, não era um sentimento que sabíamos lidar. No início, começamos a ir todos os domingos e depois de uns 2 meses, a cada 15 dias e, aos poucos, a melhora já era visível. 
Foi aí que alguém foi ao sítio e denunciou o Sr. Batista. Entendo o que alguns podem pensar e confesso que eu mesma pensei nisso quando entrei no sítio, que o Sr. Batista era um acumulador e não gostava dos cães, mas essa não é a real história: ele adora os cães e os cães o adoram! Ele conhece a história e sabe o nome de cada um dos cães que está lá. Boa parte dos cães tem mais de 10 anos, alguns em torno de 17 anos, inclusive. 
O que faltava para o Sr. Batista era ajuda e não uma denúncia. Isso aconteceu próximo do fim de julho se não me engano, mas graças à pessoas do bem como a Claudia, do Clube dos Vira-Latas, e outros tantos que foram fundamentais e se tornaram grandes amigos do projeto, conseguimos ganhar um prazo para arrumar lá e isso é o que batalhamos a cada dia. O sítio não tinha nenhuma estrutura para os cães, porém hoje já temos alguns canis e estamos melhorando a cada dia, apesar de ainda faltar muita coisa. Algumas pessoas ainda chegam lá e ficam tristes, mas hoje todos os cães abanam os rabos quando chegamos e a maioria vem pedir colo e beijo. Conseguimos doar alguns e em breve teremos as feiras de adoção. É um trabalho difícil, pois o projeto não é uma ONG e sobrevive apenas com doações, fora o fato de que eu e as pessoas que me ajudam, não tínhamos qualquer experiência com divulgação de cães e proteção animal.
 Enfim, é um mundo novo que descobrimos a cada dia. Costumo dizer que esse projeto não é de tal pessoa, mas sim de cada voluntário que se junta a esse grupo e que se tornou uma grande família. Que acordam no domingo às 6 horas da manhã e voltam à tarde muito cansados, mas que sabes que é isso que faz a diferença para aqueles cãezinhos.


4) Como se faz para se tornar voluntário do projeto, quais as opções que as pessoas têm para ajudar e quais são as principais necessidades do sítio neste momento?
As visitas ao sítio são quinzenais e quem tiver interesse pode nos contatar pelo site Projeto SOS 4 Patas Penha. Quem for, pode acreditar que será uma vivência única, um elo que poderá ser criado com cada um dos cães de Suzano. Claro que  ainda falta muita coisa (como eu disse, partimos de um ponto em que não tínhamos nenhuma estrutura) e ainda está longe de ser um lar ideal para os peludos, mas quem puder ajudar será mais do que bem-vindo, sendo voluntário, participando dos nossos eventos mensais em uma pizzaria, doando qualquer coisa, como jornal, potes de sorvete, medicações, materiais de construção, casinhas, toalhas usadas, cobertores, bacias, roupas (também fazemos bazar), enfim, o que você tiver em casa e que já não tenha nenhuma utilidade para você, doe para nós, porque talvez para os peludos tenha muita! E se quiser,as pessoas ainda podem ser madrinhas/padrinhos dos peludos ajudando no pagamento da ração. 
Hoje temos algumas metas estipuladas que são: conseguir pagar a ração mensal dos cães (eles consomem, hoje, 45quilos diariamente), terminar de fechar o canil e conseguir as casinhas que faltam, pois está muito frio e assim, com as casinhas, ele conseguem se abrigar melhor.

5) Ser voluntária aquece seu coração? 
Se ser voluntária aquece meu coração? Claro que sim! A cada domingo, tenho a oportunidade de conhecer um pouquinho mais de cada peludo e me encantar com o jeito de cada um deles. Como não me aquecer vendo a ceguinha com seu toquinho de rabo balançando quando toma banho, ou a pretinha que, quando chegamos, vira de barriga para cima toda alegre, esperando um carinho na barriga? Ver o Bob dando mordidinhas na nossa roupa para chamar a atenção, ou ver o ceguinho agradecendo toda vez que cuidamos dele? Ver a Mara que, quando a vestimos, fica toda feliz chegando até a uivar, ou ver o Xodó hoje abanando  o rabo com tanta força, que já chegou até ferir a ponta? Ver o Robert abaixando as orelhas para ganhar um carinho, ou ver a Abigail e o Grandão, que estavam quase mortos e hoje estão imensos? 
E mais do que isso: ver que, graças a esse trabalho que faço com a ajuda de amigos tão especiais, posso mudar a vida dos peludos e que, com tudo isso, podemos dar a chance para eles encontrarem um novo lar. Tudo faz com que agora, ao convidar as pessoas para  fazerem parte desse grupo, meus olhos se encham de lágrimas. Costumo dizer que cada cãozinho lá do sitio já tem um pedaço do meu coração e acho que faço tão pouco por eles ainda. 
Muitos me dizem que é um trabalho em vão porque não se ganha nada com isso e, pelo contrário, se fica estressado, cansado, desgastado com os problemas, dívidas... Mas quer saber? Agradeço a Deus por poder ser mais uma integrante desse grupo que se tornou uma grande família e torço para a cada dia essas conquistas aumentarem pois, ao deitar, posso dizer que tudo isso vale a pena. Embora ainda hoje, os peludinhos não comem tudo que poderiam e não estão tão aquecidos quanto eu gostaria, eu sei que eles tiveram, ao menos, uma refeição boa e têm alguns lugares para se abrigarem. 
Venha fazer parte desse grupo ou nos ajude! Tenho certeza de que nada na sua vida será a mesma coisa, depois de conhecer o projeto!


Depoimentos dos participantes:
- Dr. Fernando Calvo: “quando conseguimos conciliar o fazer com o amor, tudo se torna mais fácil;  para quem ama como eu, ver o brilho do olhar de um animal feliz é uma realização única.”
- Bruna Tofanetto: ”sou voluntária porque os peludos precisam de amor, cuidado e respeito. E é muito gratificante vê-los bem!”
- Stela Ribeiro: “mudou muito minha vida, me fazendo mais feliz; com eles aprendo, amo e ajudo e isso é gratificante!”
- Bruno Macedo: “se você me perguntasse porque sou vegano, eu te daria uma resposta, mas o porquê sou voluntario, não é uma razão única e sim algo inexplicável.”
- Karina Mior Moro Okuno: “o amor aos animais e a minha grande amizade com a Dra. Adriana, me levaram a ser voluntária e hoje, cada dia mais amo os peludos do sítio e minha grande família de amigos.”
- Ricardo Leotta: “quanto mais conheço o ser humano, mais sinto falta dos meus cachorros.”
- Dede Motta: “me sinto muito pequena perto do que estes peludos necessitam mas, com este grupo maravilhoso de voluntários, somos mais fortes. Protegê-los e amá-los é algo que não têm preço.”
- Patricia Azevedo: “o projeto mudou em mim a forma de ver a vida, de dar valor às coisas simples e me mostrou do que sou capaz, onde dou o meu melhor para ajudar a esses anjos.”
- Marili Resella: “Jesus disse que a caridade verdadeira é sempre aquela que não pode ser retribuída ou devolvida, por isso ajudo esses anjos que não podem falar.”
- Dayanne Luchetti: “ser voluntário é uma alegria porque ajudar um ser indefeso, que já sofreu de várias formas na vida, alimenta a nossa alma e preenche nosso ser.”
- Marcia Cristina: “para mim, ser voluntária é retribuir o amor incondicional que recebemos desses anjos; e a cada conquista do grupo, vemos que esse amor se multiplica.”
- Edgar: “hoje, sou um novo homem; cada cãozinho que vejo abanar o rabinho, me dá força para continuar a acreditar na humanidade. Vejo que ainda não está tudo perdido e faço minha parte com muito amor.”


Bacana, né? Pois é! Entre nessa corrente também, amigo leitor! Ajude em sua cidade e ajude também o SOS 4 Patas (eu sou madrinha de ração da criançada de lá)!

Ser voluntário aquece o coração da gente. Experimente e verá!

Abraços,

Lara

PS: as todas as fotos são propriedade do projeto e feitas por voluntários. Gentilmente, a moçada bonita cedeu o direito ao uso das imagens pelo nosso blog. Obrigada!

2 comentários:

  1. Muito lindo!!! Vocês são demais!!! DEUS está com vocês...Todos lindos...Um enorme abraço a todos!!!
    Ainda vou no sítio fazer parte dessa linda família!!
    Fico emocionado e feliz em ter conhecido pessoas que amam animais...
    Podem contar comigo!!!

    Elcio e Roseli.

    ResponderExcluir