quinta-feira, 18 de julho de 2013

Do Museu à Balada - Muxarabi Albergue da Juventude

Não, não falo de filme mas sim do albergue como opção de hospedagem BBB: boa, barata e bonita! Mas, primeiro gostaria de explicar a diferença entre Albergue da Juventude e Albergue Urbano.

Sempre que digo para as pessoas que fico hospedada em um albergue da juventude, as pessoas comentam: "nossa, mas misturado com moradores de ruas, viciados, bêbados?". Respondo que não, já que estes são albergues urbanos, locais subsidiados por órgãos governamentais ou instituições de caridade para pessoas que moram nas ruas. No inverno, os albergues urbanos são muito procurados, pois se o frio para quem tem um lar já é difícil, imaginem para estas pessoas menos favorecidas?


O Albergue da Juventude e o movimento alberguista têm suas origens na Alemanha, na passagem do século XX, através de um movimento de liberação jovem em reação aos costumes burgueses vigentes na época, movimento este liderado por Karl Fisher e considerado a "essência alberguista". Em 26 de agosto de 1909, o professor Richard Schirmann fez a "essência alberguista" tornar-se realidade, com a ideia de aproveitar as escolas como abrigo para estudantes em viagens de estudo. No Brasil, o professor Joaquim Trotta foi quem trouxe a ideia, fundando, no Rio de Janeiro, em 1965, a Residência Ramos, o primeiro albergue brasileiro.

Portanto, os Albergues da Juventude são conhecidos em todo o mundo dão oportunidades de se fazer viagens com custos mais acessíveis, além da possibilidade de se conhecer jovens do mundo todo. Todos os associados são identificados com o selo Hostelling International e filiadas à central da IYHF, International Youth Hostel Federation, sediada em Londres.

Em minhas andanças, fui apresentada por Vitalina ao Albergue Muxarabi em Cabo Frio – Rio de Janeiro. Lá conheci a Professora Yone Nogueira. 
 

Eis o depoimento de Cami Barreto, de 2009, em uma entrevista concedida pela professora ao seu blog: "Nascida e criada em Cabo Frio, de 80 anos, é de família tradicional cabofriense, hoje reside na avenida construída por seu avô Joaquim Nogueira, nome de uma das localidades mais conhecidas da cidade. Graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), conseguiu bolsa para se especializar em geomorfologia na França, e em seguida especializou-se em história hispano-americana na Espanha. Anos depois, voltou a Cabo Frio para trabalhar como professora, como sempre sonhou. Ministrou na Escola Estadual Miguel Couto por mais de 20 anos e foi uma das fundadoras da Ferlagos (Fundação Educacional da Região dos Lagos). Apaixonada pela cultura francesa, conheceu o “Albergue da Juventude” na França, quando resolveu montar uma estrutura similar em Cabo Frio. Chamado “Muxarabi” (modelo arquitetônico árabe, que significa “portas abertas”), o albergue já existe há 30 anos."

Professora Yone ou Dona Yone (assim é tratada pelos alberguistas), é uma adepta do albergue até os dias de hoje. Viaja sempre para a Europa e sempre fica em albergues. Em uma de suas viagens, me relatou que uma pessoa ficou indignada por ela ter idade “avançada” e viajar sozinha, que não seria certo, que seria desumano. Dona Yone ficou indignada com o comentário e respondeu: "não sou inválida e minhas faculdades mentais estão em ordem."


A missão do albergue da juventude é promover o intercâmbio cultural entre as pessoas. A princípio, foi criado para que esta missão fosse disseminada entre os jovens, mas hoje os “velhos jovens” continuam a hospedar-se em albergues, bem como outros passam a aderir à ideia, como é o caso de minha mãe Rute, que simplesmente ama ficar em albergue.

A filosofia do alberguismo é fazer com que as pessoas conheçam cidades, culturas, povos, costumes diferentes e respeitem a particularidade de cada um, já que estando em um albergue você conviverá com pessoas de diversas regiões do nosso país continental e até de outros países.

A hospedagem se dá, geralmente, em quartos para homens e para mulheres, mas há albergues que dispõem de quartos para casal. As camas, nos quartos em grupo, são beliches e os banheiros podem ser comunitários ou não (em sua maioria, o são). As cozinhas são coletivas e dispõem de fogão, geladeira, mesa, armários com utensílios onde a política é: sujou, lavou. Algumas pessoas colocam nomes em seus pertences na geladeira, mas eu não faço uso de tal prática. A maioria dos albergues oferece o café da manhã.


Algumas pessoas olham o alberguista como um “mão de vaca”, que não quer gastar com hotel e tal, mas digo uma coisa: se você viaja para bater perna o dia inteiro e à noite quer apenas um local para tomar um banho e esticar o esqueleto; se você não é fresco; se você gosta de conhecer pessoas ou se você é desencanado, hospede-se em um albergue. Eu não viajo para ficar curtindo hotel. Tomo café quando acordo e caio no mundo, voltando altas horas e conhecendo tudo de melhor que o lugar possa me oferecer.

As férias estão chegando para alguns e para outros, já começaram (que é o meu caso). Que tal conhecer algo novo, sem gastar muito e, de quebra, conhecer gente nova? Tente, experimente, tenho certeza que não irá se arrepender.

Abraços,

Rezoca


Fonte: Entrevista Dona Yone

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